A peça Barrela contém cenas que você, definitivamente, não gostaria de ver, assim com a peça Ato de comunhão contém descrições que, igualmente, você mal pode acreditar que tenham sido baseadas em fatos reais. Duas peças indigestas para os olhos e para os ouvidos; duas peças que causam um estranhamento quase insuportável. Duas peças proibidas para quem tem nervos, coração e estômago fracos; duas peças obrigatórias para quem quer expandir seus próprios limites como espectador.
Que limites são esses? Bem, muita gente tem a diversão como principal parâmetro para ir ao teatro. Se você se encaixa nessa categoria, risque essas duas peças da sua lista. Não há nada menos divertido do que o que se ouve e vê nelas. As imagens e as palavras incomodam porque são reflexos de realidades que a maioria quer manter debaixo do tapete. É duro ter conhecimento da realidade carcerária. Também é duro acreditar que alguém possa comer, premeditadamente, um pedaço de carne humana. Nas duas peças a brutalidade impera. A brutalidade é a face mais pungente do nosso lado obscuro. A brutalidade nos aproxima dos animais. E a animalidade humana é tudo o que a educação e a religião procuram combater. O limite, então, são realidades medonhas que não rimam com diversão.
Ora, a gente busca conhecer outras realidades o tempo inteiro. A gente procura isso na TV e no cinema. A gente está exposto a isso quando lê o jornal. E, se não busca, a exposição a outras realidades se dá involuntariamente, de modo corriqueiro: na música que eu jamais escolheria escutar, mas que está tocando no carro que passa; no linguajar que eu entendo, mas não sou capaz de usar; nas roupas alheias que me causam estranhamento; na comida da foto que eu nunca provei; até na vizinhança a realidade de quem mora ao lado é muito diferente da minha.
Então, por que só ir ao teatro para identificar-se com o(s) personagens,? Por que escolher pisar sempre em terrenos conhecidos? Por que sempre o caminho do riso fácil, da identificação fácil, da compreensão fácil?
Por que nos palcos a brutal realidade é menos digerível do que nos livros, jornais, cinema e TV? No teatro não há folhas nem telas de vidro que nos separem de duras realidades. Nos outros casos, se ficar difícil de suportar, basta fechar o livro/jornal, desligar a TV ou sair da sala de cinema, não é mesmo?
E quando você está a alguns palmos de distância do(s) ator(es), como nessas duas peças, apresentadas em espaços mínimos? E se, no meio do espetáculo, você tiver vontade de invadir a cena, gritar, deter o ator ou desaparecer da cadeira? Nesse tipo de peça, é possível brotar alguma ânsia similar. É apenas o desconforto fantasiando uma saída estratégica. E o desconforto, caro leitor, não é amigo da diversão, mas um companheiro muitas vezes inseparável do crescimento.
Que limites são esses? Bem, muita gente tem a diversão como principal parâmetro para ir ao teatro. Se você se encaixa nessa categoria, risque essas duas peças da sua lista. Não há nada menos divertido do que o que se ouve e vê nelas. As imagens e as palavras incomodam porque são reflexos de realidades que a maioria quer manter debaixo do tapete. É duro ter conhecimento da realidade carcerária. Também é duro acreditar que alguém possa comer, premeditadamente, um pedaço de carne humana. Nas duas peças a brutalidade impera. A brutalidade é a face mais pungente do nosso lado obscuro. A brutalidade nos aproxima dos animais. E a animalidade humana é tudo o que a educação e a religião procuram combater. O limite, então, são realidades medonhas que não rimam com diversão.
Ora, a gente busca conhecer outras realidades o tempo inteiro. A gente procura isso na TV e no cinema. A gente está exposto a isso quando lê o jornal. E, se não busca, a exposição a outras realidades se dá involuntariamente, de modo corriqueiro: na música que eu jamais escolheria escutar, mas que está tocando no carro que passa; no linguajar que eu entendo, mas não sou capaz de usar; nas roupas alheias que me causam estranhamento; na comida da foto que eu nunca provei; até na vizinhança a realidade de quem mora ao lado é muito diferente da minha.
Então, por que só ir ao teatro para identificar-se com o(s) personagens,? Por que escolher pisar sempre em terrenos conhecidos? Por que sempre o caminho do riso fácil, da identificação fácil, da compreensão fácil?
Por que nos palcos a brutal realidade é menos digerível do que nos livros, jornais, cinema e TV? No teatro não há folhas nem telas de vidro que nos separem de duras realidades. Nos outros casos, se ficar difícil de suportar, basta fechar o livro/jornal, desligar a TV ou sair da sala de cinema, não é mesmo?
E quando você está a alguns palmos de distância do(s) ator(es), como nessas duas peças, apresentadas em espaços mínimos? E se, no meio do espetáculo, você tiver vontade de invadir a cena, gritar, deter o ator ou desaparecer da cadeira? Nesse tipo de peça, é possível brotar alguma ânsia similar. É apenas o desconforto fantasiando uma saída estratégica. E o desconforto, caro leitor, não é amigo da diversão, mas um companheiro muitas vezes inseparável do crescimento.
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