Os cariocas estavam ansiosos para a chegada da exposição Impressionismo: Paris e a Modernidade, que ficará no CCBB até 13 de janeiro. "A exposição traz pela primeira vez ao país uma seleção de 85 obras-primas do acervo do Museu d'Orsay de Paris, um dos mais visitados museus do mundo, dedicado à arte do século XIX e detentor da mais importante coleção de impressionistas".
Diante de exposições desse peso, a história se repete: o público corre para as livrarias para conhecer mais sobre o assunto e usufruir mais plenamente do que está em exibição em sua cidade. Outros se animam e resolvem fazer o tão sonhado — ou um sequer cogitado — curso de História da Arte.
Um evento assim, que mobiliza multidões, às vezes é o único estímulo forte o bastante para se colocar em prática, lendo e estudando, o que antes era, para muitos, uma vontade remota. Seja lá o que tenha impulsionado a vontade de aprender — a indicação de um professor, a recomendação de um amigo, um conselho de um parente, um texto na internet, a insistência do namorado —, uma leitura ou curso têm o maravilhoso poder de nos renovar. A chance de você ficar no mínimo feliz com a oportunidade de upgrade concedida a si próprio é imensa.
Nem sempre o que impulsiona a aquisição de conhecimento é tão notório quanto essa exposição que veio nos visitar. Às vezes é mais fruto de um processo interno do que de um acontecimento externo. Pode ser que o que você pretende conhecer mais a fundo sempre tenha feito parte da sua vida. E pode ser algo tão presente que você nunca tenha cogitado estudar justamente pelo fato de o assunto já lhe parecer suficientemente familiar. Isso acontece, por exemplo, com pessoas que têm um parente que cozinha tão bem e está tão à mão para ensinar ou dar dicas que chegam a desconsiderar a hipótese de estudar gastronomia.
Algo parecido me aconteceu muito recentemente. Apaixonada por fotografia, achava que o núcleo do assunto era a técnica, mas cheguei a outra conclusão: o núcleo do assunto é a imagem em si. A partir dessa constatação, qual direção seguir? Estudar imagem? Afinal, imagem não é algo banal, de conhecimento universal e inerente à existência?
A imagem não é algo dominado porque é onipresente. É um universo a se estudar sob os mais variados aspectos. Imbuída desse pensamento, resolvi conhecer melhor o assunto. Então, para me nortear nessa nova aventura, resolvi fazer o — excelente, por sinal — curso de composição da imagem no Ateliê da Imagem. E meu olhar, felizmente, ganhou a chance de se tornar embasado. Como meu lema é socializar o que pode ser enriquecedor, deixo para vocês o depoimento do professor desse curso, André Dorigo:
"O curso tem por objetivo proporcionar ao aluno a compreensão dos elementos, conceitos e recursos visuais usados na composição de imagens, para que possam servir de ferramenta para o desenvolvimento do seu trabalho pessoal. A partir dos exemplos dos grandes mestres da pintura e da fotografia, buscamos refletir sobre a imagem ao longo dos diversos períodos históricos de modo a compreender melhor a produção (e a profusão) imagética do nosso tempo. Os alunos também são convidados a apresentarem seus trabalhos, para que sejam discutidos em classe. No entanto, mais do que estimular a produção e análise de imagens, o curso pretende ser um exercício do olhar".
Em uma época de bombardeios diários com novos equipamentos digitais cada vez mais inteligentes e cheios de recursos, acabamos deixando de lado o que motiva o clique: o olhar — o início de tudo.
Você já parou para analisar o quando a cultura na qual você está imerso determina a sua leitura da imagem? Já observou como o corte que se faz no enquadramento, inclusive a escolha das orientações retrato ou paisagem, determina o olhar do leitor? Já se deteve um pouco mais nas linhas que compõem a imagem? Já avaliou a intenção do fotógrafo ao capturar a imagem naquele ângulo escolhido?
Todos somos consumidores de imagens, e esse assunto não nos é indiferente. No caso de produtores de imagens, então, esse conhecimento é essencial. Mas, acima de tudo, dispor de ferramentas que embasem o olhar e ver antigas imagens adquirindo novos sentidos é se sentir também renascendo.
Link para essa postagem
Muito bom!
ResponderExcluirMuito bom é o curso! Acrescenta bastante, mesmo para os já tarimbados!
Excluir:)
ResponderExcluiresse mundo é muito pequeno msm: eu, professora e admiradora da adriana, e amiga de mestrado e doutorado do andré... que felicidade ver gente boa junta (e falando de arte)!
bjs
Marcele, que sorte a minha de ter tido aula com vocês dois!
ExcluirPuxa, Adriana, adorei ler esse texto... adoraria treinar meu olhar dessa forma. Vai entrar pra minha lista de próximos cursos :)
ResponderExcluirbj
Manu Mitre
Manu, foi um dos melhores cursos que eu já fiz. Realmente um divisor de águas para quem ama design ou fotografia ou História da Arte.
ResponderExcluirBj