Assistindo na TV à trajetória dos bem-sucedidos jogadores escalados para a Copa, vejo que há um denominador comum nessas histórias: a paixão pelo futebol desde muito cedo. Natural, pois no esporte é preciso dar tudo de si e, de preferência, começando o mais cedo possível. Mas, e quem já está maduro, querendo recomeçar e não sabe para onde ir? E se esse alguém sequer se lembra de uma grande paixão ou interesse antigo?
Numa época em que é possível aprender algo novo e recomeçar aos 30, 40, 50, 60, 70, 80, 90 anos, com o mundo inteiro à disposição apertando algumas teclas, fica mesmo difícil escolher. E, então, onde procurar a ponta desse novelo quando ela não está assim tão evidente quanto uma vocação precoce?
Todas essas histórias de sucesso que ouvimos diariamente começam do mesmo jeito: com um sonho. E esse sonho pode ser algo bem recente. Não importa o tempo de vida, ele se denuncia. Dentro ou fora de você. No que você se pega pensando quando acorda ou quando vai dormir. No que você diz que não quer morrer sem tentar. No que você só confessa querer para o melhor amigo. No que você vislumbra para os seus filhos porque, secretamente, queria mesmo era para você. No que você viu alguém querido fazendo a vida inteira e achou que nem era vocação, era apenas óbvio demais porque sempre esteve ali. No que você viu alguém começando a fazer ontem e de repente não sai da sua cabeça como uma grande sacada.
Sonhos, uma vez instalados, deixam rastros, olhares distantes, cabeças avoadas, sorrisos no canto da boca. Deixam o gostinho do que seria ou será. Realizações deixam muito mais: deixam o gostinho do que já é e daquilo que você nunca mais esquecerá.
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