No afã de realizar-se,
desfez-se do conhecido,
cotidiano, previsível
Foi abrigar-se no que lhe faltava
Queixosa criatura frustrada
No afã de realizar-se
no inesperado
Perdeu o que lhe sobrava
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Conheci há poucos anos a tristeza de um dia das mães sem mãe. Quem acompanha esse blog sabe que perdi minha mãe em 2011. E, no dia em que ela se foi, só caiu a ficha do que realmente tinha acontecido quando a seguinte frase me invadiu a cabeça: "Nunca mais vou poder abraçar minha mãe." Muito da minha dor naquele dia, hoje e para o resto da vida pode ser expressa por essa frase porque um abraço é a síntese de tudo: do afeto, da proteção, do importar-se, do ter com quem contar, de poder cuidar e ser cuidada.
Acho que daria minha vida por só mais um abraço, daqueles em que simplesmente não existe mais nada ao redor. E, se me fosse pedido só um conselho no dia de hoje, eu diria para as mães: abrace seu filho com a mesma emoção que sentiu quando ele veio ao mundo e você pôde, finalmente, segurá-lo pela primeira vez. Aos filhos, eu diria: abrace sua mãe com a emoção de quem volta de uma longa viagem e avista novamente seu porto seguro.
Aos leitores, peço desculpas pela tristeza derramada. Juntando-me a vocês, recolho, então, a tristeza, e guardo meu abraço para as mulheres que, de uma forma ou de outra, também são como mães para mim. Meu abraço apertado também a todas as mães que dão a vida por seus filhos e aos filhos que, como eu, dão a vida por um abraço de mãe.