Mãe,
desde pequena você me ensinou que a única coisa certa na vida era a morte. Que eu precisava me preparar, pois um dia você ia ter que ir embora, como todos nós teremos que ir um dia. Você me ensinou quase tudo o que eu sei. E o que eu não sabia eu sempre pude perguntar. Você sempre tinha resposta.
Sabe, acabei de receber um e-mail de uma pessoa da qual você gostava muito que diz assim:
"Já tem alguns dias que tenho tido sonhos com você e sua mãe, por isso que estou te mandando esse e-mail. No sonho ela dizia que sentia muito sua falta e me pedia pra ir até você e te dizer isso."
Sabe o que mais dói? Não poder te responder. Ter perguntas e não poder ouvir suas respostas. Não poder te dar um longo abraço, depois dar um beijo na sua testa e dizer o quanto eu te amo. Não poder sentir tuas mãos enrolando os cachinhos do meu cabelo. Não poder mais passar madrugadas gargalhando com as maiores bobagens ou desabafando os segredos mais impublicáveis. Não poder te ligar para contar como vai a vida. Não poder sentir o cheiro do perfume de rosas que você usava depois do banho exalando da sua pele, cheiro que eu, carinhosamente, chamava de cheiro de mãe. Não poder te contar os meus planos. Não poder ouvir seus conselhos. Eu nunca mais vou poder te ouvir. Eu nunca mais vou poder te ver. Você nunca mais vai poder me ler. Mesmo assim, mãe, eu precisava te falar todas essas coisas. E, como não há mais os seus incansáveis ouvidos de mãe, eu tive que colocar a minha saudade no papel. Espero que, mesmo sem poder me ler, você possa sentir o imenso amor e gratidão que sempre existirão em mim.
Link para essa postagem