quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

"A gente sai diferente do teatro e do cinema. Sai outra pessoa."

        O que inspirou esse post foi a recente frase de uma amiga que tem compartilhado comigo o prazer de ir ao teatro. "A gente sai diferente do teatro e do cinema. Sai outra pessoa" - disse ela.
        Que poder mágico é esse que nos envolve, nos subtrai a realidade e, quando nos devolve, sempre nos encontramos modificados?
        A arte tem o poder de ampliar nosso mundo interior. O mundo interior e a arte são indissociáveis. É o mundo interior que cria e alimenta a arte. E o mundo interior é onde a arte ecoa. Sem ele a arte não tem propósito; é uma sala vazia.
        Quando esse mundo interior é terreno onde a arte quase não pisa, o encontro com a arte se dá de maneira extasiante, arrebatadora, como a experiência de se ver o mar pela primeira vez; quando se trata de um mundo interior em que a arte transita com intimidade, cada encontro com a arte vai enriquecendo o encontro anterior, pois mais material há para reflexão.
        Por falar em teatro e em experiências transformadoras, assisti recentemente no CCBB à peça Breu e não me saiu da cabeça uma frase. Depois de ser encorajada pela personagem cega a dar alguns passos de olhos fechados, a outra personagem diz: "Eu nunca vou sentir o que você está sentindo".
        Ao término do espetáculo, é emocionante ver que a excelente atriz Kelzy Ecard, de tão imersa na cegueira da personagem, mostra dificuldade em acostumar de novo a vista à claridade na hora de receber os aplausos do público.
        Outra peça, também no CCBB, A Mecânica das Borboletas, com atuação marcante de Otto Jr., aborda a contradição que convive em nós, pois "somos todos capazes, ora de desejar perambular mundo afora sem eira nem beira, ora de ter uma casa, de ter filhos e constituir família". E, instigando a reflexão, fica a espera pela borboleta, a derradeira peça que vai, finalmente, permitir a realização de um sonho.
        Por último, uma peça para a reflexão sobre o casamento: Amor Confesso. A peça começa com um diálogo com o público e vai, aos poucos, revelando a versatilidade dos atores. Ambos fazem papel de homem e de mulher e encarnam tipos bem diferentes, como um caipira e uma mulata. Quanto ao cenário, eles conseguem com duas simples cadeiras — as únicas peças móveis do cenário — todas as espécies de arranjos possíveis.
        Para encerrar esse post, digo que acredito, por toda a sua magnitude e caráter de experiência "pessoal e intransferível", que o encontro com a arte também tenha o poder de promover o tão desejado autoconhecimento. E, se o principal problema do "desencontro" for financeiro, aproveito para dizer que a peça Amor Confesso é gratuita e que as outras duas custam 6 reais cada.
        Então, um bom encontro a vocês!

        *Dedico esse post à minha amiga Claudia Ramos, autora da frase.



Link para essa postagem


3 comentários:

  1. A arte é quase como se fosse um sentido extra, pois nos permite ver, ouvir e sentir através de idéias e atos de terceiros. A gente sai diferente de teatros, cinemas, museus e até mesmo de um filme ou vídeo assistido em uma tela menor ou uma música ouvida no headphone. Acho tão importante como um dos 5 sentidos o poder que temos de observar, abstrair, entender, e com toda certeza, de criar :-)

    Ótimo post!

    ResponderExcluir
  2. OI!!!! só pra lembrar que tem AMOR CONFESSO em Terê nesse sábado, dia 17 de março!!! é no SESC. Não tenho seu email...
    o meu é clauventura68@gmail.com
    um beijo
    até lá!
    claudinha

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Claudinha, obrigada pelo recado. Divulgarei para o pessoal de lá. Um grande abraço e sucesso para vocês.

      Excluir