Xi, de repente acabou a luz. Resta a luz da tela do laptop, que estava com a bateria carregada.
E o que há de tão grandioso na ausência de luz elétrica? Quatro sentidos, que não a visão, esperando sua grande chance para o papel de ator principal.
Desempenhar qualquer tarefa cotidiana sem luz pode parecer, em um primeiro momento, o mesmo que voltar a usar máquina de escrever ou ligar para casa de um orelhão com ficha. A verdade é que a luz norteia quase todas as nossas atividades e, justamente por isso, sua ausência pode ser uma boa oportunidade para melhor explorar os outros sentidos.
Quando acabou a luz, meus passos se viram ansiosos por um paliativo para uma simulação da vida normal. Mas minha disposição para, à luz de velas, dar continuidade à rotina era pouca ou nenhuma. Então, resolvi dispensar a vela. E a escuridão dessa última hora me fez aprender algumas lições: quando os frascos de shampoo e condicionador são idênticos, você pode perceber a diferença pelo cheiro e, se seu nariz não ajudar, as texturas não deixam dúvida; separar as roupas por tipos em uma hora dessas faz com que você não precise tatear todo o armário em busca de uma peça; lembrar que existe um tapete no caminho pode fazer a diferença entre continuar com o seu dedo mindinho intacto ou não; meu paladar sabe a diferença entre leite integral e desnatado; meus dedos (não treinados pelos antigos cursos de datilografia) não negam fogo diante de um teclado, pois batalharam (bem trôpegos, é verdade) procurando o caminho para eu escrever esse post.
Então, ah, que pena, voltou a luz...
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