Xi, de repente acabou a luz. Resta a luz da tela do laptop, que estava com a bateria carregada.
E o que há de tão grandioso na ausência de luz elétrica? Quatro sentidos, que não a visão, esperando sua grande chance para o papel de ator principal.
Desempenhar qualquer tarefa cotidiana sem luz pode parecer, em um primeiro momento, o mesmo que voltar a usar máquina de escrever ou ligar para casa de um orelhão com ficha. A verdade é que a luz norteia quase todas as nossas atividades e, justamente por isso, sua ausência pode ser uma boa oportunidade para melhor explorar os outros sentidos.
Quando acabou a luz, meus passos se viram ansiosos por um paliativo para uma simulação da vida normal. Mas minha disposição para, à luz de velas, dar continuidade à rotina era pouca ou nenhuma. Então, resolvi dispensar a vela. E a escuridão dessa última hora me fez aprender algumas lições: quando os frascos de shampoo e condicionador são idênticos, você pode perceber a diferença pelo cheiro e, se seu nariz não ajudar, as texturas não deixam dúvida; separar as roupas por tipos em uma hora dessas faz com que você não precise tatear todo o armário em busca de uma peça; lembrar que existe um tapete no caminho pode fazer a diferença entre continuar com o seu dedo mindinho intacto ou não; meu paladar sabe a diferença entre leite integral e desnatado; meus dedos (não treinados pelos antigos cursos de datilografia) não negam fogo diante de um teclado, pois batalharam (bem trôpegos, é verdade) procurando o caminho para eu escrever esse post.
Então, ah, que pena, voltou a luz...
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ResponderExcluirhahaha... adorei!!!... muito bom... =o)))
ResponderExcluirdesde criança sempre "treinei"(forcei) para me adaptar a um futuro apagão... seja ele por conta da companhia de luz, seja por alguma situacao da vida que me levasse a ficar sem a visão... resumo: hoje consigo distinguir pelo olfato se o leite é integral ou desnatado, se é sal ou se é açucar, se o leite em pó é Ninho ou molico, ou ainda saber se o copo ta cheio ou vazio quando quero beber agua, andar pela casa sem quebrar nada... ah! saber se é shampoo ou condicionador, saber se a roupa (camisa e/ou short) esta do lado certo, e ainda lembrar de cada detalhe que distingue uma camisa da outra sabendo com qual roupa estou saindo e se combina(memoria cai muito bem nessa hora)... e tambem digitar no escuro, afinal de contas estava no mesmo curso de datilografia com a tabua em cima das teclas... =o)))
Impressionante o quanto descobrimos que somos independente da luz... =o)))